Professor de filosofia fotografa mudanças no tempo da varanda de casa.
Janeiro muito seco rendeu registro de 'temporais' de raios em Varginha.
Toda vez que as nuvens se fecham no céu, prenunciando um lindo temporal a atingir Varginha (MG), Rodrigo Naves, 44 anos, corre para a sua varanda com uma câmera fotográfica na mão. Oficialmente na profissão de professor de filosofia, nas horas vagas ele usa o tempo para "capturar" fenômenos da natureza da janela da casa dele. Em janeiro, mês em que os dias transcorreram atipicamente secos para o período, Naves registrou fotografias incríveis de "temporais de raios" na cidade. "É o meu preferido. Meu sonho ainda é pegar um raio caindo na cidade", declara sobre sua missão de encontrar os melhores "cliques" no céu de Minas Gerais.
A paixão pela natureza veio desde muito jovem, mas somente há cinco anos ele pôde comprar uma câmera fotográfica e acompanhar pelas lentes as mudanças no tempo. Na casa em que vive, em um bairro afastado do Centro urbano de Varginha, a varanda no segundo pavimento do imóvel permite uma vista privilegiada da zona rural e da própria cidade, em um ângulo de Leste a quase Oeste.
"Aqui à noite, quando a lua nasce, ou quando o sol nasce, dependendo da claridade ou da atmosfera [no dia], é espetacular", conta o fotógrafo enquanto apresenta seu "posto" de observação da natureza. Foi deste ponto que ele conseguiu capturar uma pequena série de fotos do "temporal de raios" que atingiu a cidade no dia 31 de janeiro, um dos muitos que clarearam o céu do Sul de Minas no mês de janeiro.
Para ele, a maior dificuldade em capturar seu fenômeno preferido é enfrentar o risco de se expor a uma "chuva" de raios e permanecer tempo suficiente para conseguir algumas fotos. "Raio é velocidade de captação. Pra pegar um raio, é umas 300 fotos, e umas seis, sete a 10 ficam boas. E o medo [que dá]! Aqui é uma posição de exposição [a temporais]. Tem o telhado da casa, mas não tenho laje e tem várias árvores em volta. É maravilhoso, mas dá muito medo", conta sobre o medo de ser atingido por uma descarga elétrica durante a "operação".
A atividade de fotografar a natureza sempre foi um hobby. Para aprender técnicas profissionais, estuda fotografia por vídeos e sites na internet. Em sua busca por fenômenos da natureza, ele acompanha a previsão do tempo para saber se o dia pode permitir grandes imagens. "Eu só dependo que a chuva venha. Dá pra perceber, por exemplo, que quando tem uma chuva muito pesada, ela 'limpa todo o céu', então com certeza o nascer do sol vai ser lindo, porque ele vai nascer 'puro'. Uma chuva fraca deixa a atmosfera meio nebulosa. A chuva forte limpa o ar esfumaçado que costuma ficar na atmosfera em dias mais secos, por exemplo", revela.
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Naves ainda pretende construir um terraço na casa para aumentar o ângulo de observação da paisagem e, literalmente, conseguir capturar a natureza em 360º. Ele também pretende ter mais tempo no futuro para investir mais em seu hobby, já que nem sempre aquele temporal promissor atinge a cidade nas horas vagas. "A vontade é de chorar. 'Ah', por que isso não acontece quando eu estou em casa?", finaliza.
Janeiro de muitos fenômenos
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), janeiro de 2015 foi um dos meses mais secos em Minas Gerais desde que o órgão acompanha as temperaturas no Brasil, ou seja, em 105 anos. Um bloqueio atmosférico fez com que o fenômeno conhecido como veranico, de estiagem e calor intenso, durasse praticamente todo o mês, quando o normal seria de sete a no máximo 15 dias.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), janeiro de 2015 foi um dos meses mais secos em Minas Gerais desde que o órgão acompanha as temperaturas no Brasil, ou seja, em 105 anos. Um bloqueio atmosférico fez com que o fenômeno conhecido como veranico, de estiagem e calor intenso, durasse praticamente todo o mês, quando o normal seria de sete a no máximo 15 dias.
Ainda segundo o Inmet, esse tempo ajudou a provocar na região os fenômenos naturais registrados pelo fotógrafo de Varginha, já que quando nuvens carregadas de chuva se aproximam de uma área de calor intenso, a consequência são rajadas de ventos fortes e grande quantidade de descargas elétricas que acompanham a chegada da chuva.
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