Jogo falha ao tentar promover controle de movimentos da Microsoft
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=mvb5T631tmU
Kinect Sports Rivals, do Xbox One, é como o Wii Sports, do Wii.
Parece que o plano da Microsoft foi tentar reproduzir o que aconteceu
com o jogo da Nintendo em 2006: promover o seu novo sensor de movimentos com simulações de esportes conhecidos, algo fácil de ser assimilado pelo público não-hardcore.
A
responsabilidade dos desenvolvedores aqui não foi pouca. Quando uma
nova plataforma chega ao mercado, como é o caso do Xbox One, os seus
primeiros lançamentos precisam não apenas ser bons o suficiente para
convencer o consumidor a comprar o jogo, mas sim para comprar
o console inteiro. Além disso, o jogo ainda tenta criar uma comunidade
competitiva, algo como um League of Legends ou Call of Duty. São muitas
ambições. E por alguns motivos, Kinect Sports Rivals falha em todas
elas.
Começando pelo melhor
Antes de começar a jogar
Kinect Sports Rivals, é obrigatório criar um campeão, que será o avatar
do jogador no universo do jogo. Essa representação virtual é criada com
o melhor da tecnologia do novo Kinect. Após um processo relativamente
longo, as feições, tom da pela e até acessórios como óculos são
capturadas e interpretadas pelo sistema, que elabora uma caricatura
virtual com um grau de semelhança bem aceitável – algumas vezes bem
parecido com o jogador, outras nem tanto. É um momento legal de
introdução, tanto do Kinect quanto do jogo, em que o melhor dos dois é
apresentado ao jogador.
Corrida de jet skis é um dos modos mais divertidos do jogo
Simples e divertido, o modo wake racing não exige um condicionamento físico de atleta, mas depois de algumas partidas é esperado que os jogadores menos preparados sintam um pouco de fadiga nos ombros. Mas a verdadeira malhação acontece no minigame seguinte, escalada de montanhas, que é sem dúvida alguma o que mais exige fôlego. Nele os jogadores começam a ação na base de um pico praticamente vertical e deve chegar ao topo o mais rápido possível. Para isso, é preciso movimentar os braços e apertar e fechar as mãos para se mover de apoio em apoio. Parece simples, mas é bem intenso – um exercício digno de academia. Para quem aguenta o tranco, é um modo bem divertido, com opção de multiplayer e uma jogabilidade fácil de pegar. Além da dificuldade da escalada, existem obstáculos no caminho e os adversários podem puxar os pés de quem está acima, uma pressão adicional para subir bem rápido.
Na escalada, é possível puxar os pés dos adversários
Se a primeira metade de Kinect Sports Rivals é legal e bem desenvolvida, os demais jogos são bem ruins. O tênis é uma grande decepção, não exatamente pelo seu gamedesign, mas pelas características do próprio Kinect, que ainda sofre com um certo atraso ao tentar acompanhar os saques e raquetadas do jogador. Depois de um tempo, dá para pegar o tempo do jogo, mas é tão decepcionante que, na comparação com o tênis do Wii Sports de oito anos atrás, KSR é uma experiência bem pior.
Outro exemplo forte é o caso do tiro ao alvo. Nesse modo, os dois jogadores empunham pistolas e precisam abater alvos que surgem pela tela, bem semelhante ao esporte olímpico. Mas o Kinect não tem precisão suficiente para capturar o movimento do dedo de gatilho dos jogadores. Os tiros são automáticos, basta 'mirar'. E para isso, a ação não é nem um pouco realista, já que ao apontar o braço para a tela, o local indicado não será exatamente onde apareceria um buraco de bala caso fosse dado um tiro com uma arma real. Como o Kinect não é capaz de determinar exatamente onde está sua TV e, logo, os alvos, a precisão fica prejudicada.
O futebol parece bom, mas é um fracasso total
Campanha dispensável
É um pouco difícil encontrar palavras certas para descrever a campanha de um jogador de Kinect Sports Rivals. Diferente de outros jogos parecidos, que se contentam em apenas montar a coletânea de minigames e deixar que os jogadores se divirtam, os desenvolvedores aqui inventaram uma campanha com personagens, cenário, ambientação e história. Além de tudo isso ser bem dispensável, esses elementos ficaram todos bem ruins. A história envolve disputa entre três fações esportivas na ilha fantástica em que acontecem os esportes de Kinect Sports Rivals. Parece que a intenção era ensinar a jogar ao mesmo tempo que se conta uma história, mas tudo é tão recheado de clichês ridículos, frases prontas barangas e dialógos desconexos que essa historinha mais incomoda que ajuda.
Coach: um personagem bem clichê
Como ponto positivo, tudo isso foi traduzido para português brasileiro, algo cada vez mais comuns em lançamentos e ótimo para o desenvolvimento do mercado de games no país.
Em resumo...
É uma pena que, apesar de ser visível um certo esforço da Rare em Kinect Sports Rivals, o jogo decepciona em boa parte de suas premissas. Ele não consegue provar que o novo Kinect funciona bem – pelo contrário, expõe muitos dos defeitos da tecnologia de captura de movimentos da Microsoft. As corridas de jet ski, a escalada e, principalmente, o boliche são minigames bem divertidos e funcionam bem o bastante para jogar e curtir com amigos, mas as atividades são todas bem repetitivas e pouco estratégicas, minando a longevidade e o valor de replay destes esportes.
Já no caso do tiro ao alvo e do tênis, as limitações de Kinect prejudicam bastante a diversão, assim como decisões ruins de game design. A começar pela ideia de incluir esses esportes. E o 'futebol' é um caso à parte: podemos dizer que a tentativa de reinventar a bola deu errado e o modo é um fracasso completo. E não custa acrescentar que os clichês de personagens e a ambientação são muito, muito barangos.
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