Ondamaki surgiu após pesquisa, lembra Alessandra
A capital do Estado que se reúne em torno do espeto de
churrasco está abrindo espaço também para quem gosta de se arriscar nos
palitinhos. Nos últimos anos, as temakerias e restaurantes da culinária
japonesa têm virado uma grande febre em Porto Alegre. Em alguns dos
principais pontos gastronômicos da cidade, já são perceptíveis mais de
uma opção de casas que servem sushis, sashimis e temakis.
Nos
dados da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (Smic), não há
ainda registros de quantas casas desta especialidade existem, pois não
foi feita a discriminação em relação aos restaurantes registrados,
atualmente 620 estabelecimentos. Mas na estimativa do diretor do
Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Porto Alegre
(Sindpoa), Ismael Tiger Vital, que também é sócio da casa Sushi By
Cleber, existem pelo menos 60 pontos na capital que oferecem este tipo
de culinária. Enquanto isso, as churrascarias registradas na Smic são
146, o que dá duas churrascarias e meia para cada temakeria ou
restaurante japonês existentes na Capital.
Vital vê
com bons olhos a expansão da culinária japonesa em Porto Alegre, o que
significa que há uma aceitação do público com esse tipo de prato. “É
muito bom ver que estão abrindo diversas opções. Quando nós começamos
ainda era um tabu e hoje não é mais segredo. Tivemos meses que já
abriram quatro casas de uma vez só”, afirma.
Uma
das mais recentes neste setor é a Ondamaki, localizada na avenida Bento
Gonçalves, no bairro Partenon, em frente à Pucrs. A ideia, segundo
Alessandra Cecchin, sócia do estabelecimento, surgiu do gosto pela
culinária japonesa. A experiência vem desde os tempos de faculdade, onde
se formou em Nutrição e agora busca aplicar os conhecimentos no
negócio. “Surgiu a oportunidade de termos o ponto em frente a uma
universidade e sabemos que o público jovem gosta muito desse tipo de
culinária e aqui na área não existe nenhuma outra temakeria”, salienta.
Para
abrir a casa, foi feita uma pesquisa de mercado entre os alunos da
Pucrs, além de os sócios fazerem cursos de gestão e buscar informações
sobre o mercado antes de entrar no ramo. “Nossa vantagem acredito que
seja o ponto, que faz com que não tenhamos concorrentes diretos na
região. Também colocamos um nome voltado ao público jovem, ligado ao
surf e apostamos em quem busca um happy hour”, complementa Alessandra.
Mercado de trabalho no setor apresenta aquecimento
A
explosão do mercado de temakerias em Porto Alegre também está gerando
uma demanda de profissionais na área. A procura por cursos de formação
dos chamados sushiman tem aumentado consideravelmente segundo os
especialistas no segmento.
Maguil Tadashi Korogui,
professor dos cursos de extensão da Pucrs, revela que enquanto os cursos
profissionalizantes da culinária japonesa têm crescido, os interessados
em cursos amadores estão diminuindo. Avalia que isso é reflexo da
elevação da oferta de casas com esta proposta gastronômica. “O pessoal
está deixando de procurar os cursos para consumir nestes locais. E quem
está abrindo temakerias e restaurantes japoneses tem nos procurado”,
afirma.
Para o professor, que também presta
consultorias para futuros negócios na área, o grande apelo da comida
japonesa se dá pelo fato de ser um alimento saudável. No entanto, assim
como o efeito da expansão da comida chinesa, ocorrido há alguns anos e
que já vem em uma descendente, o mesmo processo deve ocorrer com os
sushis e temakerias. “A grande maioria não se profissionaliza. Perto do
meu restaurante já abriu um restaurante há dois meses e fechou. Isso
mostra uma falta de planejamento. Temos os tradicionais, mas existem
também os aventureiros”, expõe.
A professora do
Senac-RS, Arika Messa, confirma que a busca por aulas de preparos de
sushis são crescentes mas que a procura ainda é maior que a demanda,
existindo mais interessados na área do que cursos disponíveis. “Os donos
de restaurantes estão buscando qualificação. Os empresários estão
também frequentando cursos para poder gerenciar suas equipes.”
Assim
como outras profissões, Arika analisa que há muita dificuldade em
encontrar profissionais que queiram se manter nesta vida de Sushiman,
especialmente os jovens da chamada Geração Y. “O pessoal está sempre
buscando novos horizontes e não se mantém no trabalho por muito tempo.
Estamos observando bem isso nas empresas. É difícil encontrar pessoas
qualificadas e isso está obrigando o mercado a pagar um pouco mais.”
Concorrência maior pulveriza público de casas especializadas
Quem
já está há mais tempo atuando nesse segmento também tem sentido os
efeitos do crescimento do mercado. Conforme o gerente administrativo do
Gokan Sushi, José Cláudio Guimarães, o movimento era maior no início e,
agora, começou a se pulverizar devido à abertura de diversas casas. “Tem
público para todos, mas há muito local novo abrindo. Estamos sempre
procurando renovar sabores e tipos de sushi para atrair o público, mas
está bastante concorrido”, explica.
A casa, aberta
há 11 anos, conta hoje com dois pontos na cidade, um na Alameda
Sebastião de Brito, em frente à Praça Japão, no bairro Boa Vista e outra
na Olavo Barreto Viana, no bairro Moinhos de Vento. A estimativa, de
acordo com Guimarães, é que cerca de mil pessoas frequentem os dois
locais semanalmente.
Genaro Galli, professor da
ESPM-Sul, lembra de casos como as casas de R$ 1,99 e as carrocinhas de
cachorro-quente para exemplificar o que chama de movimento de modismo
entre empreendedores. “Antes era restrito esse consumo para as classes A
e B. Além disso os custos para esse mercado de temakerias é baixo, o
que representam poucas barreiras para quem quer entrar, pois o
investimento não é tão alto assim”, reforça.
Mas
assim como ocorreu com outros modismos gastronômicos, Galli acredita que
a tendência é de diminuição do ritmo de abertura desse tipo de
empreendimento. “Esses negócios atraem muita gente, tem um boom, mas
depois eles amadurecem e ficam aqueles que têm competitividade”,
informa.
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