Uma
das principais mudanças recentes do Brasil foi a entrada de mais de 40
milhões de brasileiros no mercado de consumo, fenômeno que foi
responsável pela ampliação da classe média e, para muitos analistas,
ajudou o País a se proteger do pessimismo econômico internacional. Só no
ano passado, o crescimento acumulado das vendas do varejo foi superior a
8% entre janeiro e novembro, e as vendas no Natal também subiram.Mas,
da mesma forma que os níveis educacionais do País não acompanharam a
expansão do consumo, os conhecimentos sobre finanças e investimentos
deixam a desejar, segundo levantamentos diversos. E o resultado muitas
vezes é um cenário de endividamento, inadimplência, prejuízos para a
população e impactos na poupança do País.Uma
pesquisa divulgada em setembro pela BM&FBovespa aponta que mais da
metade dos 2 mil entrevistados diz não sobrar dinheiro no final do mês.
E, ainda que praticamente todos estejam familizarizados com a poupança,
poucos conhecem outras formas (às vezes mais rentáveis) de investimento,
como Tesouro Direto (5,8%) e renda fixa (25%)."Existe um distanciamento da vida cotidiana em relação à vida financeira, e não é só no Brasil", opina à BBC Brasil
Fabio Moraes, diretor de educação financeira da Febraban (federação
nacional dos bancos). "Tivemos muitos anos de instabilidade monetária.
Quando ela veio, encontrou o brasileiro com um comportamento muito
imediatista."Já para William Eid Jr, coordenador do
Centro de Estudos em Finanças da FGV-SP, "o problema é que se cultiva o
consumo exacerbado desde cedo. Os brasileiros devem mais do que
deveriam e não olham para o futuro".Inadimplência
Em 2012, a oferta de crédito cresceu e, mesmo com a redução na taxa básica de juros, a inadimplência dos consumidores subiu 15% em comparação com o ano anterior, aponta medição da Serasa Experian. Essa inadimplência poderia ter sido maior se não fosse o desemprego baixo e a expansão da renda.
Ainda segundo a pesquisa da BM&FBovespa, entre os entrevistados que tomaram empréstimos, cerca de um terço paga taxas de juros de no mínimo 5% ao mês; e um quarto deles sequer sabe o quanto gasta em juros.Em termos práticos, uma pessoa que tomou um empréstimo de R$ 1 mil a juros mensais de 5% deverá cerca de R$ 5,7 mil após três anos, por exemplo. "A inadimplência no País é uma bola de neve à velocidade da luz. Em dois ou três anos, muitas dívidas ficam impagáveis", opina William Eid Jr.Aulas nas escolas
O cenário criou uma demanda para cursos e dicas de educação financeira - o que percebível pela crescente quantidade de livros, colunas de jornais, boletins de rádio e outros meios dedicados a dar dicas de finanças pessoais.
Na BM&FBovespa, os cursos gratuitos recebem de 100 a 300 pessoas por sessão - "tanto gente da periferia como dos Jardins (bairro nobre paulistano)", diz o professor José Alberto Netto Filho.Para o público infanto-juvenil, está em andamento um projeto de educação financeira nas escolas dos ensinos fundamental e médio, tocado por um conselho formado por representantes de instituições públicas e privadas.Segundo Sílvia Morais, coordenadora da iniciativa, o projeto-piloto em 2011 incluiu noções educação financeira em aulas de diversas disciplinas do ensino médio, abrangendo 14 mil alunos e professores em mais de 400 escolas. A meta para os próximos dois anos é levar o projeto para mil escolas e 3 mil professores, diz ela.Moraes afirma que está em planos um projeto semelhante para o ensino fundamental, além do mapeamento de iniciativas de educação financeira que já sejam adotadas nas escolas do País. Um estudo do Banco Mundial sobre os egressos do projeto-piloto no ensino médio notou que os alunos ficaram um pouco mais propensos a poupar e a administrar suas despesas. "O aluno começa a perceber a interdependência entre ele e a economia", opina Sílvia Morais. "É um desafio mostrar-lhe que ele não é um indivíduo isolado, e suas ações têm um impacto socioeconômico."
Em 2012, a oferta de crédito cresceu e, mesmo com a redução na taxa básica de juros, a inadimplência dos consumidores subiu 15% em comparação com o ano anterior, aponta medição da Serasa Experian. Essa inadimplência poderia ter sido maior se não fosse o desemprego baixo e a expansão da renda.
Ainda segundo a pesquisa da BM&FBovespa, entre os entrevistados que tomaram empréstimos, cerca de um terço paga taxas de juros de no mínimo 5% ao mês; e um quarto deles sequer sabe o quanto gasta em juros.Em termos práticos, uma pessoa que tomou um empréstimo de R$ 1 mil a juros mensais de 5% deverá cerca de R$ 5,7 mil após três anos, por exemplo. "A inadimplência no País é uma bola de neve à velocidade da luz. Em dois ou três anos, muitas dívidas ficam impagáveis", opina William Eid Jr.Aulas nas escolas
O cenário criou uma demanda para cursos e dicas de educação financeira - o que percebível pela crescente quantidade de livros, colunas de jornais, boletins de rádio e outros meios dedicados a dar dicas de finanças pessoais.
Na BM&FBovespa, os cursos gratuitos recebem de 100 a 300 pessoas por sessão - "tanto gente da periferia como dos Jardins (bairro nobre paulistano)", diz o professor José Alberto Netto Filho.Para o público infanto-juvenil, está em andamento um projeto de educação financeira nas escolas dos ensinos fundamental e médio, tocado por um conselho formado por representantes de instituições públicas e privadas.Segundo Sílvia Morais, coordenadora da iniciativa, o projeto-piloto em 2011 incluiu noções educação financeira em aulas de diversas disciplinas do ensino médio, abrangendo 14 mil alunos e professores em mais de 400 escolas. A meta para os próximos dois anos é levar o projeto para mil escolas e 3 mil professores, diz ela.Moraes afirma que está em planos um projeto semelhante para o ensino fundamental, além do mapeamento de iniciativas de educação financeira que já sejam adotadas nas escolas do País. Um estudo do Banco Mundial sobre os egressos do projeto-piloto no ensino médio notou que os alunos ficaram um pouco mais propensos a poupar e a administrar suas despesas. "O aluno começa a perceber a interdependência entre ele e a economia", opina Sílvia Morais. "É um desafio mostrar-lhe que ele não é um indivíduo isolado, e suas ações têm um impacto socioeconômico."
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